Arnold Schoenberg e o paradoxo de sua Klavierstück Op. 33a

Um processo bloomsiano de desleitura da forma sonata

Autores

  • Marcus Bittencourt Universidade Estadual de Maringa
  • Cemy Queiroz Diniz Junior Universidade Estadual de Maringá

DOI:

https://doi.org/10.52930/mt.v9i2.319

Resumo

Este artigo explora a aparente e paradoxal contradição presente na Klavierstück Op. 33a de Arnold Schoenberg, na qual uma forma musical inerentemente típica do tonalismo clássico — a forma sonata — foi utilizada para organizar uma composição feita em uma linguagem dodecafônica que de certo modo é “alienígena” à tonalidade tradicional. O texto discute em que capacidade as linguagens harmônicas da tonalidade tradicional e do método dodecafônico criado por Schoenberg são estranhas entre si, investigando, por meio do uso da teoria da Angústia da Influência de Harold Bloom (2002), o processo composicional daquela obra enquanto uma ação de desleitura e de apropriação poética do classicismo musical que resulta na escritura musical específica utilizada por Schoenberg. As considerações acerca dos processos de influência propostos por Bloom — nas figuras de suas seis proporções revisionárias, clinamen, tessera, kenosis, askesis, daemonização e apophrades — são tecidas e ilustradas ao longo de uma decupagem em detalhes da estrutura formal e dos procedimentos harmônicos da Klavierstück Op. 33a, análise esta que é realizada com o uso do ferramental da Set-Theory norte-americana aliada às teorias de Edmond Costère (1954) sobre a atratividade polar entre notas, escoliada ainda por meio de seleções de observações teóricas sobre a forma sonata clássica e seus componentes estruturais feitas pelo próprio Schoenberg (1996) em sua atividade pedagógica como teórico musical. O artigo argumenta e procura demonstrar que a elucidação do paradoxo daquela obra esbarra na confirmação da magnitude da importância histórica mantida por Schoenberg e por sua obra musical e teórica, com o desvelamento do lugar único e especial que ele conseguiu circunscrever para si mesmo dentro da história da música por meio de um hábil e engenhoso comando das influências que recebeu de seus predecessores.

Biografia do Autor

Marcus Bittencourt, Universidade Estadual de Maringa

Marcus Alessi Bittencourt (mabittencourt@uem.br) é um compositor, pianista e teórico musical brasileiro-estadunidense. Como compositor, estudou com Willy Corrêa de Oliveira, Fred Lerdahl, Joseph Dubiel, Jonathan Kramer e Tristan Murail, e é prolífico tanto no campo instrumental como no eletroacústico. Sua música tem sido executada nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Brasil, e sua lista de obras inclui peças para orquestra, grupos de câmara, coro, instrumentos solistas (com destaque para o piano), óperas, além de diversas obras eletroacústicas. Como teórico musical, é um pesquisador da harmonia funcional Riemanniana e de teorias harmônicas pós-tonais. Marcus Bittencourt é bacharel em música (instrumento-piano) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, e mestre e doutor em Composição Musical pela Columbia University in the City of New York. Desde 2006, é professor de composição, teoria e computação musical na Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil.

Cemy Queiroz Diniz Junior, Universidade Estadual de Maringá

Atendendo pelo pseudônimo Scott Collie, Cemy Queiroz Diniz Junior é um compositor brasileiro, violonista, pesquisador e professor de música. É Mestre em Música pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Licenciado em Educação Musical e Bacharel em Composição pela mesma instituição, onde estudou composição com Marcus Alessi Bittencourt, Marcello Stasi e Rael Bertarelli Gimenes Toffolo, e violão com Fabiano Zanin, Belquior Guerrero, Jairo Botelho e Flávio Apro. Como compositor, sua lista de obras inclui peças para grupos de câmara, coro e instrumentos solistas. Atuou como professor de música em escolas do município de Maringá-PR, tais como Escola Municipal Pioneira Mariana Viana Dias e Escola Municipal Vinicius de Moraes, em projetos sociais como a Casa da Cultura (São Jorge do Ivaí-PR), bem como em diversas escolas tutoriais tais como a Mais Música, Art Música, Celebrate e Villa-Lobos (Mandaguaçu-PR), além da Escola de Música da Universidade Estadual de Maringá, na extensão e no Curso Técnico em Instrumento Musical (violão e disciplinas teóricas).

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Publicado

2024-12-29

Edição

Seção

Dossiê