Exploração de ambiguidades harmônicas por meio do comentário composicional

Um estudo sobre Masque, de Scriabin

Autores

  • Francisco Zmekhol Nascimento de Oliveira Universidade Estadual de Campinas
  • Max Packer Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.52930/mt.v9i2.316

Resumo

Em publicação recente, apresentamos um procedimento analítico destinado ao reconhecimento e à evidenciação de relações tonais-funcionais (tanto locais como de larga escala) latentes em obras geralmente tidas como pós-tonais, ou limítrofes de uma tonalidade expandida. Fundado poética e metodologicamente sobre a prática do comentário composicional – noção que tem origem na obra de Luciano Berio e que temos desenvolvido em trabalhos anteriores –, tal procedimento consiste, basicamente, em acrescentar à obra analisada (de resto intacta) uma linha melódica que opere, em cada formação harmônica dissonante, preparações e resoluções que busquem demonstrar como tal formação poderia ter ocorrido ainda no seio de uma tonalidade pré-1908 (i. e., anterior a uma emancipação generalizada da dissonância). Assumindo que, de uma perspectiva tonal-funcional, o repertório de interesse de nossa abordagem seja inerentemente ambíguo e tendo já anteriormente reconhecido que as interpretações ressaltadas por nossas linhas acrescentadas não são nem podem ser unívocas, objetivamos, no presente trabalho, explorar diferentes maneiras como possamos assimilar nos próprios comentários composicionais por nós produzidos – e não apenas em um plano verbal e hipotético – as ambiguidades que reconheçamos ao longo do processo analítico. Para tanto, tomamos aqui por objeto de análise a pequena peça para piano intitulada Masque, Op. 63/1 (1912) de Scriabin, a qual em boa medida se estrutura a partir de um jogo de ambiguidades harmônicas. No comentário que produzimos sobre a obra em questão, integralmente reproduzido ao fim do artigo, nós não apenas evidenciamos relações funcionais locais e de larga escala latentes em Masque, como, cumprindo com nosso objetivo, demonstramos ao menos cinco diferentes maneiras como nosso procedimento analítico pode contemplar e trazer à tona ambiguidades harmônicas das peças sobre as quais nos debruçamos.

Biografia do Autor

Francisco Zmekhol Nascimento de Oliveira, Universidade Estadual de Campinas

Francisco Zmekhol Nascimento de Oliveira (zmekhol@unicamp.br) é, desde 2022, professor adjunto da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde leciona Composição, Análise Musical e Percepção. Tendo se graduado em Composição Musical pela UNICAMP em 2011, obteve seu mestrado em Processos Criativos em Música pela UNICAMP (2013) e seu doutorado em Processos de Criação Musical pela USP (2018), tendo sido orientado em ambas as pesquisas por Prof. Dr. Silvio Ferraz. Tanto como compositor, como enquanto pesquisador, seu principal interesse reside nas interações entre tonalidade funcional e abordagens pós-tonais à composição musical. Foi professor da Universidade Federal de Rondônia entre 2014 e 2022. Realizou estágio de pesquisa em 2015 na Fundação Paul Sacher (Basel, Suíça) sobre os rascunhos de Brian Ferneyhough.

Max Packer, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Max Packer (mxpacker@gmail.com) é, desde 2019, professor adjunto da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação da UFMS, onde ministra as disciplinas de Harmonia, Análise e Clarineta. Doutor em Artes (Processos de Criação Musical) pela Universidade de São Paulo (2018), Mestre em Música (Processos Criativos) pela Universidade Estadual de Campinas (2013) e Bacharel em Composição Musical pela Faculdade Santa Marcelina (2011). Suas pesquisas de Iniciação Científica (2009–11), Mestrado (2012–13) e Doutorado (2014–18) foram realizadas sob orientação do Prof. Dr. Silvio Ferraz, com bolsa FAPESP. Realizou estágios de pesquisa na Fundação Paul Sacher Stiftung (Basel, Suíça) em 2015 e na Monash University em Melbourne, Austrália, entre 2016 e 2017, sob supervisão do compositor Thomas Reiner, com bolsa FAPESP.

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Publicado

2024-12-29

Edição

Seção

Artigos